Tuesday, August 17, 2010

Formiga Paprika vivia acomodada entre suas emoções. Estava a ficar habituada a esta vivência desemocional. Mas de tempos a tempos a vida lá lhe pregava uma partida e Paprika quase que sorria. Pobre engano, pobre Paprika. Formiguinha de tamanho e de figura não se podia dar a esses desplantes! A sorrinhitude altivava-lhe os olhares, levantava-lhe o pescoço e automaticamente se perdia em busca de horizontes... e tudo começava de novo...
É que Formiga Paprika avizinhava-se de abismo. Inicialmente pensou que era falha de vista... porque cada vez que assim emocionada se sentia olhava e apenas via o Buraco Negro... este começou por um Buraquito, mas logo se fez Homem e à medida que a saudade se fez crescendo, as defesas mentais formiguinheses foram alastrando espaços de vazio em torno dela mesma.
Mas com o passar dos dias, Paprika (agora como gosta de ser chamada, em rompimento total com formiguinhices outroras) se habituou às comedices assintomáticas... vida calma e regada de remeditações, onde todos os dias se lembra de seus grandes afazeres sonhados...e assentidos. Mas a vida é assim... prega destas partidas... há dias que em Paprika, volta a ser Formiga e sua circulação mixuruca ganha novas velocidades...é o suficiente para o caldo entornado das emoções!! É que isso dos sentidos embarca sempre em busca de partilha!! E partilha... não há como ser feita em mundo de vazios...
Formiguinha baixa os olhos, repetindo seus inúmeros mantras... a circulação se acalma... e o dia continua...tic tac...tic..tac... Paprika recupera sua robótica vontade trabalhística e repete-se baixinho: "talvez um dia o mundo se preencha de novo... e esses vazios dêm lugar a outros gordinhos espaços de alguma coisa... "

1 comment:

Anonymous said...

É, cada dia só nasce depois da noite passar. Cada noite se fina no parto do novo dia. :)