"Há dias melhores...outros piores"- suspirava o pirilampo nas suas deambulações... Limpava uma lágrima melancólica do seu rosto minúsculo e sorria... " afinal... não sou sol nenhum...mas ainda tenho alguma luz...". Nisto, batia as suas microscópicas asas e ascendia a um lugar...onde sob a Lua.... descansava de novo. "Um dia... tudo isto fará sentido"
Wednesday, September 01, 2010
O Pirilampo da Andaluzia ainda acordava, de quando a quando, com falta de ar... Depois... lembrava-se de respirar. "Não há nada assim tão importante"- repetia ele vezes sem conta na sua cabeça... e deitava-se de novo. Mas o sono teimava em não chegar... Pirilampo que se preza guarda-se para irradiar seus brilhos no escuro da noite... mas esta... custava tanto a passar...
Tuesday, August 31, 2010
Wednesday, August 18, 2010
Tuesday, August 17, 2010
Formiga Paprika vivia acomodada entre suas emoções. Estava a ficar habituada a esta vivência desemocional. Mas de tempos a tempos a vida lá lhe pregava uma partida e Paprika quase que sorria. Pobre engano, pobre Paprika. Formiguinha de tamanho e de figura não se podia dar a esses desplantes! A sorrinhitude altivava-lhe os olhares, levantava-lhe o pescoço e automaticamente se perdia em busca de horizontes... e tudo começava de novo...
É que Formiga Paprika avizinhava-se de abismo. Inicialmente pensou que era falha de vista... porque cada vez que assim emocionada se sentia olhava e apenas via o Buraco Negro... este começou por um Buraquito, mas logo se fez Homem e à medida que a saudade se fez crescendo, as defesas mentais formiguinheses foram alastrando espaços de vazio em torno dela mesma.
Mas com o passar dos dias, Paprika (agora como gosta de ser chamada, em rompimento total com formiguinhices outroras) se habituou às comedices assintomáticas... vida calma e regada de remeditações, onde todos os dias se lembra de seus grandes afazeres sonhados...e assentidos. Mas a vida é assim... prega destas partidas... há dias que em Paprika, volta a ser Formiga e sua circulação mixuruca ganha novas velocidades...é o suficiente para o caldo entornado das emoções!! É que isso dos sentidos embarca sempre em busca de partilha!! E partilha... não há como ser feita em mundo de vazios...
Formiguinha baixa os olhos, repetindo seus inúmeros mantras... a circulação se acalma... e o dia continua...tic tac...tic..tac... Paprika recupera sua robótica vontade trabalhística e repete-se baixinho: "talvez um dia o mundo se preencha de novo... e esses vazios dêm lugar a outros gordinhos espaços de alguma coisa... "
Monday, August 16, 2010
Piriquita de Sá, ilustre cantante, saía de casa todos os dias mal acordava. A força matinal devia-se ao amor vivente desse quotidiano que se vive a cada dia. Sentia suas penas tremelicantes, suas patitas genicas e seu coração pulante. Aprontava-se para as saídas e começava o dia em suas cantorias... Pardalito se fazia rogado nos acordares prontos... agarrava Piriquita de Sá em forma de cobra-esmagante, na esperança que esta se acalmasse. Mas a sede solar fazia Piriquita correr e gastar-se nesses vôos rapidamente para depois então voltar.
Ironia do destino ou não...Pardalito foi comido por uma cobra. Dizem que este nem se apercebeu de sua chegada um dia desapareceu numa boca desarticulada e nunca mais se ouviu falar dele...
Piriquita de Sá, deixou-se de ilustres cantorias e de madrugadas em vontades de vida... os quotidianos ajeitaram-se em novos actos, mas as cores, os tremeliques e as genicas se perderam para sempre.
O coração de Piriquita de Sá em estranha arritmia lhe diz "não te preocupes" pulando em descompassada ansiedade.
Na floresta, após votação se decidiu que "foi pelo melhor, Piriquitos não vivem com Pardais!!"
Piriquita sorri... e ouve lá no fundo de si uma voz a resmungar: "E terem tido mais força e vontade para fugir das cobras?!?!...."
Friday, August 13, 2010
Felizberta se infelizava na hora de dormir... o sono vinha, as persianas dos olhos corriam... mas logo logo lhe vinha a Espécie. A Espécie é doença... é maldade...é ruindade... Felizberta sempre se preguiçou e pensava que dormir longe de suas habituais paranças lhe dava energia que aguentava sem dorminhoquices logo na deita... mas Felizberta se enganou...
Mudou de casa e suas dormidas se passaram a fazer tipo curtas-metragens... muitos sonhos (há quem lhe chame pesadelos não é a intensidade da coisa) e em pouco tempo: TCHARAN!! Já está...
Felizberta se infelizava na hora de dormir... O dia esperançava-se no trabalho e na reconstrução por inteiro de um ser que nunca chegou bem a definir... a incompreensão e a frustração de seus mal entendidos pessoais fazia movê-la que nem carruagem na compreensão de outros mundos...nessas vidas de investigação... mas à noite... se exasperava...
Felizberta um dia até pensou: "Isso da saudade tem de se fazer em partes... fosse ela una... afogava-me!!!"
E, Felizberta-que -se-infelizava-na-hora-de-dormir, aguardava mais uma vez a chegada de um novo dia... A polícia não dá baixa de sonos roubados...
Infelizberta de soslaio o relógio mirava:" mas quando é que isto passa?!?!??!"
Sunday, August 08, 2010
Dom Pinguim desfazia-se em cozinhados mil de açafrão. Dona Pinguina nunca percebeu tal obsessão. Há quem medite entre especiarias e quem se especialize em meditação. Dona Pinguina não sabia em qual das categorias se encaixava o seu amor... Parou, respirou e decidiu que Pinguim que toma conta dos futuros rebentos tem direito às suas meditações, sejam elas culinárias ou não. Dom Pinguim ofendeu-se! Não gostava de ver suas águas e manias analisadas por terceiros! "Mas eu não sou terceira"- respondia Dona Pinguina já com as mostardas no nariz!!-" Quanto muito uma entre primeira e segunda, somos uma família par!!"
Não sei se foram as mostardas, mas a verdade é que nesse momento ambos se derreteram em torno da sua futura cria, escondida do outro lado da casca. Respiraram amor e se esfregaram com muita contentação!
Moral da história: não duvides nunca do poder das especiarias, disse uma vez o grande Mestre!!
Saturday, July 24, 2010
Friday, July 23, 2010
Thursday, July 15, 2010
Thursday, July 08, 2010
Hoje sou um nada... Hoje sou um nada, mas ontem era um vazio. Ontem era todo um ser em torno de um vazio que se agarrava perdidamente às memórias de uma vida não vivida, mas muito sonhada. Mas era um daqueles vazios que doiem. Um daqueles vazios tão grandes que esticam a pele de tal forma que não conseguia sequer respirar.
Porém o desespero esticou-me todo e...rebentei. Não quero ajuda. Não quero que ninguém me toque... tenho medo que me arranjem cedo demais. Quero esvaziar tudo. Quero voltar a ser uma pessoa sem essa dor... sem esse vazio. Quero fazer-me de inteirismos e voltar rapidamente a sonhar. Não quero ninguém... Quero gastar-me por completo. De pensamentos e de recordações. Trabalho. Trabalho e sinto a doce bebedeira do cansaço e aí sei que consigo dormir. Dormir só. Sei que acordo em poucas horas porque o vazio exterior se faz sentir na pele. Mas não faz mal. Amanhã...há de ser outro dia.
Não quero ninguém nem socorro para esta minha rebentação. Não se importem com os meus excedentes sanguíneos e lacrimais... e os sons? São gritos do avesso soltos por esse espaço rebentado. Mas não se aproximem... Não faz mal... Eu vou levantar-me. Sem sermões...sem apoios... cada vez que chamam o meu nome... eu sei o que tenho de fazer... mas não me toquem... deixem-me esvaziar por completo... quero reconstruir-me de outras matérias... Não quero ter mais recaídas em promessas apenas faladas...
Ontem era vazio. Hoje nada. Amanhã voltarei a ser original. Sem mais ideias de junções... não voltarei nunca a ser metade. Serei por inteiro. Só assim viverei: POR INTEIRO!!!
Porém o desespero esticou-me todo e...rebentei. Não quero ajuda. Não quero que ninguém me toque... tenho medo que me arranjem cedo demais. Quero esvaziar tudo. Quero voltar a ser uma pessoa sem essa dor... sem esse vazio. Quero fazer-me de inteirismos e voltar rapidamente a sonhar. Não quero ninguém... Quero gastar-me por completo. De pensamentos e de recordações. Trabalho. Trabalho e sinto a doce bebedeira do cansaço e aí sei que consigo dormir. Dormir só. Sei que acordo em poucas horas porque o vazio exterior se faz sentir na pele. Mas não faz mal. Amanhã...há de ser outro dia.
Não quero ninguém nem socorro para esta minha rebentação. Não se importem com os meus excedentes sanguíneos e lacrimais... e os sons? São gritos do avesso soltos por esse espaço rebentado. Mas não se aproximem... Não faz mal... Eu vou levantar-me. Sem sermões...sem apoios... cada vez que chamam o meu nome... eu sei o que tenho de fazer... mas não me toquem... deixem-me esvaziar por completo... quero reconstruir-me de outras matérias... Não quero ter mais recaídas em promessas apenas faladas...
Ontem era vazio. Hoje nada. Amanhã voltarei a ser original. Sem mais ideias de junções... não voltarei nunca a ser metade. Serei por inteiro. Só assim viverei: POR INTEIRO!!!
Sunday, June 27, 2010
E será que quem se rasga em domínios alheios ao próprio vive para fora? Será que eu vivo para dentro? qual será essa barreira do "fora e dentro"? A minha pele? A tua pele? A Terra?
Há dias em que os sapatos se fazem aos pés, o andar solta-se, a cabeça estica-se e o tempo passa a medir-se em passadas. Passadas. Aquelas que nunca podem ser presente. Quando as falamos elas já estão dadas. As passadas. Mal as completamos ficam logo para trás.
Às vezes eu sei que inverto esse tipo de tempo. Há dias em que me consigo dividir por completo. E a cada passada envio minha contrária metade no resgate desses inteiros caminhos. Estes dias, embora raros, fazem-me viver para sempre. Na realidade, desde a primeira passada resgatada, eu vivo na eternidade. Entre o cá e o lá. Nenhuma passada jamais passou a ser esquecida.
Só ainda não consegui efectuar qualquer deslocamento real. Minhas metades têm igual força. No fundo... fico sempre parado.
Há dias em que os sapatos se fazem aos pés, o andar solta-se, a cabeça estica-se e o tempo passa a medir-se em passadas. Passadas. Aquelas que nunca podem ser presente. Quando as falamos elas já estão dadas. As passadas. Mal as completamos ficam logo para trás.
Às vezes eu sei que inverto esse tipo de tempo. Há dias em que me consigo dividir por completo. E a cada passada envio minha contrária metade no resgate desses inteiros caminhos. Estes dias, embora raros, fazem-me viver para sempre. Na realidade, desde a primeira passada resgatada, eu vivo na eternidade. Entre o cá e o lá. Nenhuma passada jamais passou a ser esquecida.
Só ainda não consegui efectuar qualquer deslocamento real. Minhas metades têm igual força. No fundo... fico sempre parado.
Wednesday, May 19, 2010
Entalei os dedos dos pés enquanto fugia da realidade. A ilusão (sua gémea idêntica!) levou-me a beber as águas da imaginação. Bebi, bebi, bebi. Delirei. Arranhei o céu, sem querer, enquanto o pintava com os meus lápis de cera. Só mais tarde percebi: quando imitamos os Deuses há certezas que se perdem...para sempre!
Monday, January 04, 2010
In memory of Lhasa de Sela
"(...) You've travelled this long
You just have to go on
Don't even look back to see
How far you've come
Though your body is bending
Under the load
There is nowhere to stop
Anywhere on this road
(...)
I love this hour
When the tide is just turning
There will be an end
To the longing and yearning
If I can stand up
To angels and men
I'll never get swallowed
In darkness again
You've travelled this long
You just have to go on
Don't even look back to see
How far you've come
Though your body is bending
Under the load
There is nowhere to stop
Anywhere on this road" - Anywhere on this road -Lhasa de Sela
"(...) You've travelled this long
You just have to go on
Don't even look back to see
How far you've come
Though your body is bending
Under the load
There is nowhere to stop
Anywhere on this road
(...)
I love this hour
When the tide is just turning
There will be an end
To the longing and yearning
If I can stand up
To angels and men
I'll never get swallowed
In darkness again
You've travelled this long
You just have to go on
Don't even look back to see
How far you've come
Though your body is bending
Under the load
There is nowhere to stop
Anywhere on this road" - Anywhere on this road -Lhasa de Sela
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