O dia começa, com a terra chutando o sol para o alto. É engraçado, que onde o calor se dá, tudo se vai fazendo. Onde o frio aperta, tudo se faz! Excepção será para além do Tejo, que em grande parte, frio se dá e continua-se ...endo...
Mas então o dia começou, apesar de já se ir gastanto, muito falta para o movimento acordar! O povo, tem daqueles que acordam, outros que vão acordando. Mas em unidade... povo demora em se levantar. Demora-se no silêncio e numa conformação cabisbaixa.
- " Quem olha para o alto, respira ar mais puro"- Dizia José de Manias, em constante assédio ao céu, o mesmo que acreditava que o evoluir da espécie tem de passar por uma inversão completa do nariz, já que as cidades só acumulam poeira e que com tanta política, o cérebro já está bem farto de merda!! Mas como tornar mais apta a inversão do nariz? Mais depressa cérebro se desfaz, pensava eu baixinho (mas longe do chão!!), mas ele respondia-me sempre:- " Mais depressa vivemos então no mar, e as ondas que nos levem a poeira, não é?"
Tó ao Vento, achava tudo isso correntezas incertas!! "Quem sabe, se não é a poeira, em suas particulas, a nos revitalizar? Nestes anos todos, vacinamo-nos contra outros, quem nos vacinará contra nós? "
Toda a manhã o discurso se fazia, bem ensaiado! A cada deixa, ligeira pausa... esperavam sangue novo da boca do povo. Mas, cabeças bem preguiçosas os deixavam em eterno diálogo...
Deixando os grandes, partia para a doca. Todas as manhãs, via as ondas chegar e os barcos partir. Tinha sempre aquele aperto na barriga, porque seguindo as leis do toma-lá-dá-cá, não era justo para o mundo, ao fim da tarde, as ondas continuarem a vir e os barcos chegarem também. Maria, de Pedro Embarcadeiro, me descansava sempre:" Não é preciso deixar a Vida. Todos os dias se deixa tempo, trabalho, esforço, sonhos e vontades! Por se deixar tanto, o Mar vem sempre, umas vezes mais que outras." E sorria, me passando a mão na cabeça. Corria então para lá, para os meus outros afazeres. Mas hoje, que o dia começou de todas essas maneira, me apeteceu desistir. De ouvir os homens falar, a barriga apertar e de Maria sorrir.
Foi assim, que hoje percebi, que mesmo desistindo eu, o mundo lá fora para mim, estaria sempre igual. Porque para mim, os homens falariam sempre, a minha barriga outros apertos teria e Maria, que mais tinha que fazer?
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