Surge no meio de tudo isto uma indignação profunda, por tudo aquilo que ainda não se é. " Não que se possa tudo querer". Não que se queira tudo querer. Mas quero tanto que quase sou vontade. Que de vontade sou um só. Quero vontariar o contrário, mas nunca contraiar a vontade! Quero a vontade de querer o que contrariado quero, ainda que esteja cansado. Quero, porque já o sou. Quero e vontasejo, porque sempre o fui. Mas a indignação.... ainda se mantém...
E assim:
"( Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor (...)"
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1 comment:
bem lida e sentida esta canção da Gal Costa, mas será que a vontade do querer e o fazer por ser já caminham juntos?!
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