Há dizeres que, ao fim ao cabo, não dizem realmente nada!! " Ao fim ao cabo"... ou ao fim, ou ao cabo, quanto muito, ao fim do cabo!! Ou em brasileiro, "afim do cabo"... já nada sei.
Apenas constato que me dói ver assim a comunicação tão baralhada! Uma miopia perceptiva crónica... muito desculpada pelo "pois..." Eu próprio, a cada frase, costumo acrescentar um "entendes?"- sinto que dá um espírito solene e de extrema veracidade à mais pura barbaridade proferida, além de ser aplicado sempre retoricamente. Ai daquele que me for respondendo: " entendo". Está a loiça partida, a pintura borrada- embora esta seja uma escolha semântica vulgar, é perfeitamente elucidativa, remete a grande barraco, que é no fundo o que meu ego sente na sua fervilhação. Aí... elaboro nova frase, se for preciso acelero o ritmo, na procura de uma não resposta... daquele silêncio em que os olhares são desviados, mirando as palavras (sábias...), perdendo-se no espaço. Mais um gole no café e a conversa retoma novo rumo. No âmago o ego volta a sentar-se, descansado, no seu trono!!
Isto tudo para falar de sentidos dúbios e totais inversões de marcha. O sentimento nasceu parvo e desde o começo do jogo que sempre pôde andar quantas casas quisesse, nas mais variadas direcções, faz de cavalo, de bispo e quiçá até de espírito! Mas que confusão de palavras! Estas são provas irrefutáveis do estado das comunicações, estas mesmas já nem se afirmam sem um Tele sempre atrás! Eu próprio afirmo em plena consciência que nunca disse nada de jeito na vida! "De jeito", como se boa frase fosse filha de Jeito, em vez de com jeito!! O jeito seduz-se, como para casar, se casa com. Falam-se coisas com jeito. É assim...baralhações mil. Pensei já afogar todos os dicionários, segundo Mia Couto, as palavras boiam. Talvez depois as pudesse arrumar assim muito alinhadinhas, em balões em torno de cada personagem, podia decidir coisas lindas para se dizer. A cada um caberia fazer ecoar algumas coisas. Pode depois gastar-se em lamentações de as ter perdido, mas pode sempre ganhar mais escutando, ou então estagnar-se de papo para o ar e coçar a barriga, enquanto as suas ecoam pelo mundo fora até que cheguem de volta, que às vezes vêm com mais brindes, porque como se diz: "quem conta um conto acrescenta sempre um ponto..."
Este ditado é uma perfeita tonteira, acrescentando pontos mudamos de facto o sentido, mas acredita-se é que se acrescentem factos,dados à história contada; ninguém pensou então que a porcaria dos pontos quebra a história? E quem nos garante que não ponham é de vez um PONTO FINAL?
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