Friday, October 06, 2006

Lá corre a saudade pelas avenidas. Lá vem a melancolia desta cidade despida, escura e vadia! Ai, se não fosse este céu que nos guarda, cairiamos no abismo da noite sem dia? Desse dia sem Sol, só escuro? Diz-se que o espaço é assim: feito de escuro, pintalgado de claro. Mas o claro vem de longe...há muito que vem. Mas nunca chega. É o vai vindo!
Nesta cidade as coisas são a sério. A vida aqui não é de brincar. Não se sorri, nem se olha para o lado. Faz-se e desfaz-se tempo. Faz-se em espera por chegar a algum lado, por alguém ou por coisa nenhuma. Desfaz-se em corridas, contratempos e em coisas muitas.
Sou de uma raça diferente. Não vivo aqui, nem em sítio algum, o que é bom porque não me podem nunca desalojar. Mas também, nesta vida, já fiz muito nenhum e já me cansei de esperar!!!

Monday, October 02, 2006

…o pior, é que o ouvi mesmo gritar: “ EU NÃO SOU ATEU!!”, mesmo antes de desaparecer por baixo daquelas rodas gigantes do camião do lixo. Raios partam esta vida! Diz-se o homem crente e os desperdícios da raça o atropelam e quase o desfazem, de encontra ao asfalto. “ Era apenas um teste…” ouviu-se o vento burburinhar. De que nos valem esses testes? Isto já parece anúncio televisivo “testado pelas principais marcas”. Sim, sim… este pobre diabo foi testado pelas principais divindades…mas nem por isso lhe dão garantias. Nem por um dia.
Pois é, nesta catárse, nada se safa. Todos e tudo têm seu desempenho pronto a figurar. Está tudo meticulosamente pensado desde o mais minucioso pormenor, ao mais bruto pormaior.
Ainda dizem que as gentes é que têm manias! Haverá esquizofrénico mais complexo que esse chamado Destino? “ Apenas planeio caminhos”- disse-me uma vez, antes de lhe conhecer a fama. Estranhei. Mas até engracei com o tipo, sempre bem arranjado, ar de menino. Mas pelo que consta anda na vida há mais tempo do que as meninas da própria… Afinal há profissões mais antigas!

Sunday, October 01, 2006

Agora é tarde… Espero que Hoje já não o seja. Queria criar…ou Ser Natureza e tudo transformar. Poder atribuir novas cores aos dias e novas horas às coisas! Queria no fundo trazer o longe para perto. Fazer da certeza uma torta e das dúvidas um bolo de chocolate. E comer… comer… deliciar-me e fazê-las seguir o devido curso!
Quero moldar o mundo com a minha forma desformada, sem medidas nem pontos. Queria a loucura bem perto, arranjar-lhe um pratinho e dar-lhe comida, todos os dias enquanto, de uma forma carinhosa, a domesticava. Queria deixar a sanidade, à solta… perdê-la em trânsito num aeroporto…De certeza que a teria de despachar como bagagem “disforme”… mas não sei sequer se vem com líquidos ou não… “Sanidade”- parece-me tudo muito sólido…
E assim regresso…a estas outras maneiras (ou formas!) de ser, em que as letras, uma vez iguais, disfarçam tudo o resto…

Thursday, March 30, 2006

Do outro lado da sobriedade encontrei uma ideia...um pensamento que surgiu de uma sensação... no começo, sem perceber, arrisquei e lancei essa ideia no ar... fez-se papagaio e voou. Hoje...apenas uns dias depois, essa ideia se tornou céu, se tornou ar e se fez sentido. Creio que a proxima metamorfose o tornará água, espaço e por fim: AMOR!

to someone special
" (...) I know I’m not wrong... this feeling’s gettin’ stronger The longer, I stay away(...)"
by-louis armstrong

Sunday, March 26, 2006


" Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.
Eu amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e não deixar de amar-te nunca:
por isso é que ainda te não amo
Amo-te e não amo como se tivesse
nas minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino infortunado
Este amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso amo-te quando não te amo
e por isso amo-te quando te amo"

Pablo Neruda

Monday, February 13, 2006

Descobri que o que passa é moldável. Faz-se pegajoso e insistente, mas é louvadamente reciclável. Une-se. Em matéria e em sentido. Une-se. Torna-se e retorna-se readquirindo uma nova voz. Pode ser som ou magia. Um simples pirlim pim pim. Más bienvinido!! pero que la alma prende el fuego! ah...sentimento renhido de amar som...de amar sentidos e letras. Quero aprender a voar! Sei que passo demasiado tempo lá fora, sem os pés no ar. E aí...perco-me! Eu já não existo!! Xiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuu.........

Saturday, February 04, 2006

É difícil perceber qual é ao certo o papel do silêncio. Umas vezes veste-se de vazio, outras de complemento. Já me apareceu, fantasiado de glutão, debicando dor, mágoa, garotices e disparates... Já me apareceu, feito bicho papão, obrigando-me a recear o escuro...
Parece que em tudo...só se pode ser realmente...em meia medida. Senão, nada faz mesmo sentido.
Ou somos nós, que existimos demasiado e inexistimos de todo...ou são as coisas...que podem ser ou não...e nessa incerteza, se repetem...ad eternum... Portanto...hoje sou só meia. Meia medida. Meia pessoa....Meia certeza...Mas assim, quantas inteiras ao todo seria? Talvez seja esse o elixir da sanidade, o da pura ilusão! Assim, todas as meias posso ser, querer e coleccionar...porque serei sempre uma. Conto como número inteiro, oficialmente. E hoje sou um número. O número um.

" One is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
Much much worse than two
One is a number divided by two" - Aimee Mann

Sunday, January 15, 2006

Achei oportuno partilhar o sono que tenho! O sono que me fazem os discursos ensaiados e a irritabilidade sonolenta da vaidade...Achei oportuno gritar bem alto para quebrar o ruído monocórdico das existências em ressureição, mas não tinha que dizer.... Achei oportuno chorar lágrimas de pura tristeza, mas estava demasiado cansado. Pensei em desistir, mas nem caminho há mais para isso. Pensei em jogar tudo para o alto... mas até a gravidade está mais forte que eu.
Rendi-me ao desconforto...à nausea e... impeli o vómito, e eis: O MUNDO! Não é assim tão grande, que não possa a qualquer momento ser devorado...mas demasiado complexo... tem azedumes que acidificam demasiado, o pH do estômago... é.... comer mundos, não é para qualquer um.... cansa demasiado....é então, melhor dormir descansado na falsa segurança do seu espaço.

Friday, January 06, 2006

Conspirações no Mar Vermelho

Em tempos de fantasmas.... os sustos dão lugar a uma vida noutros tons.... escuros....claros..... frios! A única forma de combater esse inverno incolor, era arranjar imagens mentais que se entranhassem nas fissuras e reentrâncias da cabeça, num novo Chakra...ou a junção de todos eles, numa simples imagem...
Agora que tinha a ideia, tudo parecia simples. Mas, a escolha de uma imagem alegórica, em tempos de nazismos pensamentais, pode ser sinónimo de suicídio.
Tentei poupar a cabeça...mas era quase impossível. Arriscava a morte...mas, lutaria até ao fim. No coração, sempre viveu uma revolução e agora, as ideias faziam-se finalmente senhoras, abrindo-lhe os portões daquele anonimato enclausurado. O sentimento, fez-se Paixão e como paixão que era, passou à acção. Manteve-se emotivamente apaixonado, mas amadureceu fazendo-se Amor! E cresceu num sonho que me salvava a vida...e justificava uma existência! O meu quadro é claro: Um mar....cheio de força....a vida colorida a vermelho....e a cínica dualidade das "conspirações".
Estava safo....